sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Desejos de Novo Ano


" O primeiro desejo é o de que baixes a guarda, para que eu te faça meu prisioneiro de guerra, após o que te obrigarei a derrubares todas as pontes entre nós, como naquele filme do assobio. O outro, o terceiro ou quarto, nem sei (como se não fossem todos o mesmo) é o de que não me esqueças, não me esqueças, e também, sim, pois claro, que eu tenha muita saúde e boa forma, para te amar num corrupio atlético noite dentro, quando o momento chegar. E dinheiro, também, para comprar rejuvenescimentos, penteados, sapatos que me ponham alta e roupa reduzida que te fará derrapar quando travares a fundo nos meus decotes (porque há sempre uma esquina onde nos poderemos cruzar, quem sabe, sexto, sétimo desejo). Com uma bochecha de esquilo guloso, esgotados os abraços, o recanto da boca, o delírio e o espumante no copo, fecho os olhos e peço noção, meu deus!, um bocadinho de noção do decoro, de bom-senso, do real."